Trocando velas
"You'll know your limits until you try to extend them and even then, one has to break out of his comfort zone to appreciate that effort." - Martin Dansky
Em meados de 2007, tomei a decisão de passar adiante a uma vela de competição, depois de 7 anos voando cross-country em velas de série homologadas. Voar competições é a forma mais eficaz de evoluir. Na competição, que inclui pernas contra vento e sessões de velocidade, é importante poder contar com uma vela, senão de ponta, ao menos com bom desempenho acelerada. Na maior parte das Abertos (ao menos nos internacionais), voar uma vela de série homologada limita os fatores de êxito e diversão.
Em fins de maio, encomendei um Axis Mercury (fabricante tcheco), cuja entrega me foi prometida em um mês. A vela só chegou em novembro, com a temporada já terminada. Para piorar, no fim do ano descobri que tinha um problema de contração na região lombar das costas, resultado da corrida diária na esteira da academia, sem aquecer, nem alongar e às vezes acima do peso. O Mercury é tido como uma das velas de competição mais seguras do mercado e nas poucas vezes em que o voei me pareceu dócil e fácil de pilotar, embora o desempenho não seja de ponta (nem fazia questão disto). Mas como exigiria o uso de ao menos 8kg de lastro, e o médico me havia proibido carregar peso, tive de trocar de parapente.
Decidi que voaria o Sol Tracer (proto 11), do fabricante brasileiro, também muito elogiado pelos níveis de segurança e desempenho. A perspectiva de voar a marca nacional sempre me animou, sobretudo porque a Sol - por intermédio do seu desenhista suíço André Rottet e dos pilotos da equipe, que vêm quebrando recordes sucessivos e obtendo êxito crescente nas competições - tem feito um trabalho de muito valor, dando projeção cada vez maior a parapentes fabricados no Brasil, num mercado internacional altamente competitivo. (Há que se levar em conta que o esporte nasceu na Europa, meca do vôo livre.)
O Tracer é uma vela segura, com ótimo despempenho na térmica e taxa de afundamento muito boa. Ocorre que nos últimos três anos me acostumei a voar velas "tábuas", com mais pressão interna e curso de freio curto. Nos vôos de teste, não consegui me adaptar ao Tracer. Em última análise, o mais importante é sentir-se à vontade com um parapente, e, embora isto possa levar tempo, minha experiência é de que, quando se gosta de uma vela, os primeiros vôos já deixam uma forte impressão.
Há duas semanas, tive a oportunidade de testar um protótipo (parecido com o da foto acima) da nova vela de competição da UP, a fábrica alemã. A vela voa como uma tábua sobre a cabeça, gira como se fosse um parapente serial, o comando é curto e preciso. A taxa de afundamento parece coisa do outro mundo. Não resisti e executei o pedido em caráter de urgência :-)